No dia 7 de setembro de 2018, o Brasil comemora o 196º
aniversário de sua independência e ser independente é ser emancipado, separado
e livre. Ser livre é não depender de ninguém.
Nesse contexto, o Brasil é como o sujeito que comemora a liberdade depois de passar a maior parte da vida na prisão. Só que a liberdade dele é a condicional, aquela em que o sujeito está livre de dia, mas à noite dorme na cadeia. É a liberdade com certa condição. Você está livre, mas nem tanto, assim é o Brasil.
Já se passaram 196 anos, e temos a sensação de que a independência do Brasil ainda não se concretizou. Mas isso depende do ponto de vista de quem olha, das variáveis e das variantes.
Desde que se feche os olhos para os bolsões de miséria; para as favelas e os favelados, para os analfabetos e os drogados; para as prostitutas e os prostituídos sem voz, vez e opção, a Independência existe e a Dependência também. Depende do conceito que se quer dar a elas. Igualmente é possível que se diga que independência é coisa que nunca existiu.
Para a maioria, bastou D. Pedro I erguer sua espada
próximo a um pequeno rio chamado Ipiranga em 1822, e gritar “Independência ou
Morte” e o Brasil magicamente passou da condição de colônia portuguesa para ser
o país independente de Portugal.
Esse enredo é até bonito, emociona e desperta em nós o patriotismo. Mas ser patriota não é chorar com as fantasias de uma história incerta, para não dizer mentirosa, ser patriota é chorar e sorrir na construção da própria história na certeza da conquista da nossa liberdade.
O certo é que, na prática, somos um país emancipado politicamente, mas, dependente econômica, social e culturalmente. Somos um país livre, mas grande parte do seu povo é escravo da pobreza ou do empobrecimento. Somos independentes, mas temos uma mídia que escraviza e massifica o que deveria ser a nossa livre opinião.
O colonizador hoje é o capital e o mercado consumista, é do capitalismo do qual somos escravos hoje, é do dinheiro que somos dependentes, ou da falta dele.
Voltando ao conceito de
independência e olhando a história com um pouco mais de atenção e justiça,
se faz necessário enaltecer a verdadeira pessoa responsável pela ação corajosa
de assinar o decreto que libertou o Brasil de Portugal. A princesa, Maria Leopoldina
de Áustria, como era conhecida, fez muito mais do que apenas colocar sua
assinatura numa folha de papel. A futura-imperatriz ainda detém o título de
primeira governante do país e de idealizadora da bandeira nacional.
Nascida em Viena, na Áustria,
Leopoldina casou-se por procuração com apenas 20 anos de idade, sem nunca ter
conhecido seu noivo. Ao chegar ao Brasil, rapidamente se tornou adorada pela
população mais carente e, em especial, pelos escravos. Junto com José
Bonifácio, que foi seu grande parceiro durante seu reinado, ela defendeu o fim
da escravidão. Sua atuação como Imperatriz Consorte do Brasil durou apenas
quatro anos, mas foi tempo suficiente para transformá-la num ícone do
empoderamento feminino em pleno século XIX. A prova disso é que poucas decisões
do alto escalão da política brasileira eram tomadas sem a interferência direta
de Leopoldina, entre elas a mais importante de todas foi criar um novo país
chamado Brasil.
Infelizmente, Leopoldina pagou um
preço extremamente caro, pelo machismo da época, para se manter próxima ao
marido e ajudá-lo na condução do país. Foram diversas agressões físicas e
verbais que ela sofria do marido, além dos diversos casos extraconjugais dele. Por
fim, a maior penalidade que ela viria a amargar seria a perda da própria vida
após nove anos de casamento. Já sofrendo de depressão há algum tempo, as
evidências históricas são de que Leopoldina aborta e falece por conta de uma
doença (talvez febre tifoide), pelas escassas e equivocadas técnicas médicas da
época.
A independência do Brasil será a independência do seu povo e acontecerá, efetivamente, quando deixarmos que aconteça a justiça e a liberdade das nossas consciências e direitos, quando deixarmos de ser apenas livres condicionalmente.
Texto compilado por nossa
professora de Geografia, Rosimara Geroti,
tendo como fonte o livro: 200 anos Imperatriz Leopoldina. Vários
autores. – Rio de Janeiro: IHGB, 1997.
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